Minas Gerais deve ganhar 11 novos hotéis e 1.329 novas unidades habitacionais (UHs) – apartamentos – até 2027. É o que aponta o Panorama da Hotelaria Brasileira 2023, relatório produzido pela HotelInvest, em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb). O estudo contempla apenas os projetos que já possuem contrato assinado.
Na edição anterior da pesquisa, publicada no ano passado, a previsão era de que o Estado ganhasse 17 hotéis e 2.017 apartamentos até 2026, o que indica uma desaceleração da oferta. No Brasil, o cenário é o mesmo. Anteriormente estava previsto a construção de 124 hotéis e 18.806 apartamentos até 2026, enquanto agora, a estimativa é de 108 hotéis e 17.923 apartamentos até 2027. Os investimentos devem ser da ordem de R$ 5,7 bilhões.
A gerente de Consultoria da HotelInvest, Karen Mariano, explica que o significativo aumento do custo de construção, o avanço da inflação e a elevada taxa de juros (Selic, atualmente em 13,75%) estão inviabilizando o desenvolvimento de novos empreendimentos.
“O INCC (Índice Nacional de Custo de Construção) aumentou 35,4% desde o início de 2020, enquanto o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) aumentou 21,7%. Em algumas cidades, os hotéis não conseguiram acompanhar esse aumento na diária média, o que impacta na viabilidade de novos hotéis, porque a perspectiva de receita não está acompanhando o custo de construção”, afirma.
“Isso acaba fazendo com que a TIR (Taxa Interna de Retorno) de novos projetos seja mais baixa e quando temos uma Selic no patamar como agora, que é bastante alto, os investidores qualificados começam a reavaliar a alocação dos investimentos. Então com uma Selic mais alta, o custo de oportunidade do investidor também fica mais alto e como esses projetos estão com uma TIR mais baixa, eles não são muito atraentes para os investidores”, conclui.
Maioria dos hotéis serão construídos no interior
O levantamento também mostra que a maior parcela de novos empreendimentos serão desenvolvidos no interior de cada Estado – 68% do total. Apenas 27% terão como endereço as capitais brasileiras, enquanto 5% estarão distribuídos pelas regiões metropolitanas.
Em Minas Gerais, do total a ser construído, somente um hotel e 79 apartamentos serão erguidos em Belo Horizonte, sendo este projeto ainda para 2023. Conforme o estudo, não há previsão de novos hotéis para a capital mineira a partir de 2024, o que evidencia a interiorização da oferta, além do fraco desempenho belo-horizontino.
Karen Mariano ressalta que, de fato, as cidades do interior são o eixo de desenvolvimento para novos hotéis no momento. A gerente de Consultoria da HotelInvest também esclarece que o baixo número de Belo Horizonte tem relação com a falta de espaço para novos empreendimentos após a Capital ter passado por uma período de superoferta.
“Quando teve a Copa do Mundo (no Brasil) houve um incentivo para construção de novos hotéis e assim surgiram vários na Capital. Isso fez com que o desempenho da cidade ficasse mais baixo e os anos subsequentes foram anos de recuperação de mercado, mas logo em seguida veio a crise. Então é uma cidade que ainda está em recuperação e como o mercado estava fragilizado entende-se que não tem espaço no momento para novos hotéis”, diz.